Ìbéjì, palavra formada a partir de ìbí (parir) e ejì (dois), significa Parir dois ou Gestação dupla, indicando o nascimento de gêmeos. O primeiro a nascer recebe o nome de Táíwò (A primeira criança, A criança mais nova, Aquele que vai conhecer a vida) e o segundo o de Kéhìndé (A segunda criança, A criança mais velha), sendo considerado espiritualmente mais velho. Toda criança nascida após o parto de gêmeos recebe o nome de Ìdòwú (equilíbrio das crianças Ibeji).
Quanto ao orixá Ibeji, ele protege contra a morte prematura, acalma o sofrimento material e espiritual, orienta o ori do abiku e dos devotos a seguir o caminho certo, atrai progresso econômico e desenvolvimento espiritual, harmoniza a vida material com a espiritual, proporciona sentimentos de paz, tranquilidade, serenidade, confiança, fertilidade, transforma lágrimas em sorrisos. É associado à duplicidade – entre o existir e o não existir, o fazer e o não fazer. É sedutor, capaz de atrair condições para conquistas, domina recursos para promover cura e bem-estar, interfere no destino humano, removendo obstáculos da vida das pessoas, como denota este oriki: Òkánlàwón, igbénijú, erelú amo mbá bí, mbá là (Criança nobre entre as demais, se tiver você, prosperarei). Uma de suas cantigas traz o seguinte: Omo méjì ni Èjìré tó sò ilé alákisà di aláso (Ejìré são duas crianças que fazem prosperar o lar do mal-sucedido).
Ibeji possui manifestação dupla: através da simbologia do orixá e através das crianças gêmeas, que são o seu símbolo máximo e que, frequentemente, são mandadas à terra por algum orixá para aliviar o sofrimento de uma família. O nascimento de gêmeos pode ser um problema ou uma solução para os pais, dependendo do zelo que tiverem: convém que reverenciem os próprios filhos, considerados semidivindades, sem desconsiderar suas necessidades de crianças humanas, e que simultaneamente cultuem Ibeji para ganhar novas forças e conservar a grande energia recebida com o nascimento desses filhos. Quanto às próprias crianças ibeji observa-se que, por maior que seja sua semelhança física, têm expressivas diferenças quanto a seus oris e destinos, sendo bastante comum a disputa entre eles. Costuma ocorrer que um dos irmãos alcança sucesso e o outro fracassa na vida. Para que essa diferença não chegue a extremos é preciso equilibrar as energias dos irmãos e cultuar Ibeji.
Não há ritual de iniciação em Ibeji, nem assentamento, nem incorporação nesse orixá. Como o orixá Ibeji (de modo análogo ao que ocorre com as Iyami) não incorpora em humanos, é reverenciado nas próprias pessoas a eles dedicadas. A forte identificação dessas pessoas com a divindade que representam convida os demais à reverência.
Há uma relação importante entre Ibeji e Egbé Aragbô: Ibeji liga-se à natureza de modo geral e à floresta, morada de Egbé, de modo particular. Para cultuar um é preciso cultuar também o outro. As pessoas adquirem certas características ao cultuar Ibeji (que idênticas às dos devotos de Egbé): são calmos, alegres, brincalhões, sociáveis, gratos, confiantes, esperançosos, leais, comunicativos, versáteis (tendem a abraçar diversas atividades simultaneamente), apreciadores de música e dança.
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